ETER SEC EXPLICA INVASÃO A FIBBANK

EterSec explica como invadiu o site do FibBank

O FibBank, empresa investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito por suposta participação no escândalo de propina na compra de vacinas, teve seu sistema invadido nesta última sexta-feira (3). O EterSec, célula brasileira do grupo ciberativista do Anonymous, reivindicou a autoria do ato.

Durante 24 horas, entre a madrugada de sexta-feira (3) e o sábado (4), a página principal do site da empresa foi alterada por imagens de protestos com pessoas usando a icônica máscara de Guy Fawkes, além de um vídeo contendo críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e convocando a população para irem às ruas participar das manifestações contra o governo no dia 7 de setembro. 

Neste vídeo, o movimento alega que Jair Bolsonaro está colocando o processo eleitoral em suspeita e ameaçando um golpe de Estado. “O presidente Jair Bolsonaro sabe que sua aprovação tem caído entre a população que tem sido massacrada pelas atrocidades cometidas por seu desgoverno. Desde então, ele vem flertando cada vez mais com a possibilidade de um golpe.”

Eles também afirmam que Bolsonaro depende do povo, e estão infiltrados entre o governo. “O que resta ao presidente é a mensagem de que nós não ficaremos parados enquanto você flerta com o golpe. A guerra está declarada e faremos você pagar por seus crimes. As pessoas que você está matando são as pessoas das quais você depende.”, afirma o grupo. “Nós fazemos o pão que você come, nós arquivamos os seus documentos, nós entregamos suas encomendas, nós estamos em todo lugar.”

Em entrevista concedida exclusivamente à Revista O Sabiá para a produção desta reportagem, o grupo afirma que não teve dificuldades em invadir o sistema do site da empresa, e que a proteção do site parecia simples demais para uma empresa com um capital social declarado de 7,5 bilhões de reais

O grupo chama atenção para como a proteção do site parece não equivaler ao serviço prestado pela empresa, considerando também o seu valor de capital. A quantidade de serviços de proteção desatualizados e a ausência de um firewall bem configurado, sugere que o site tenha apenas sido criado e ignorado sem nenhuma manutenção de segurança. 

O mínimo esperado de uma empresa como esta, segundo o grupo, seria um monitoramento de tráfego e um gerenciamento de backup realizado por uma equipe de tecnologia de informação e de cibersegurança bem instruída, proteção que o site da FibBank não possui. Por este motivo, a empresa apenas recuperou o site após 24 horas do ataque ocorrer. No entanto, logo após se recuperarem, o grupo logo reativou o seu acesso, que só foi finalizado após a empresa retirar o site do ar. Durante a escrita desta reportagem o site continua fora do ar, o que de acordo com o grupo representa a ausência até mesmo de um backup disponível dos dados da empresa.

Além do vídeo, o grupo também tornou público diversos documentos encontrados durante o ataque. Esses documentos correspondem principalmente a centenas de contratos no qual a FibBank aparece como fiadora. Entre estes documentos estão diversos contratos ligando a  empresa com a Precisa Medicamentos, empresa no qual a ligação levou o presidente da FibBank, Roberto Ramos, a depor para CPI da Covid, no último dia 25, por suposta participação da empresa em escândalo de propina na tentativa de compra de 20 milhões de doses da Covaxin.

Em uma nota enviada para a Revista O Sabiá e publicada integralmente e sem edições por esta revista, o EterSec afirma que a invasão e a divulgação de documentos tiveram motivação política. Escolheram o site do FibBank por “ser uma instituição sabidamente corrupta e por estar no centro das atenções da mídia”.  O grupo afirma também, que apenas realizaram a ação quando a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) deixou claro que já haviam coletado as informações contidas no site, e por este motivo decidiram tornar público os documentos.

Depois da popularização da ação, o grupo relata ter sofrido ataques ao seu site. 1 botnet realizou mais de 2 milhões de ataques DDoS ao site do grupo, que dizem já ter regularizado a ameaça.

Por fim, o grupo afirma que o que motivou a invasão foi passar uma mensagem que eles consideram importante para a população e que “as ações são realizadas para trazer a atenção e expor de forma transparente para a população os fatos, as informações e a realidade” e afirmam que “a informação deve ser livre”.


Leia a transcrição do vídeo abaixo:

“Saudações, cidadãos do mundo. Muitos acontecimentos recentes do Brasil nos chamaram a atenção. O presidente Jair Bolsonaro sabe que sua aprovação tem caído entre a população que tem sido massacrada pelas atrocidades cometidas por seu desgoverno. Desde então, ele vem flertando cada vez mais com a possibilidade de um golpe.

Assim como Trump, depois de ter colocado o processo eleitoral em suspeita sem nenhum tipo de evidência plausível e ser derrotado, tudo que restou a Bolsonaro foi ser vago em suas recentes declarações em seu chiqueirinho: “Pode ter certeza, vamos ter uma fotografia para o mundo do que vocês querem. Eu só posso fazer alguma coisa se assim vocês desejarem”. O que Bolsonaro pretende com este chamado é preparar uma narrativa onde o povo deseja que ele permaneça no poder uma vez que as eleições não são confiáveis de acordo com ele. Como se o povo quisesse o fim da pouca, imatura e limitada democracia que ainda possuem.

Nós, no entanto, acreditamos que o caminho para uma sociedade ideal vem com mais democracia, e não menos. Com a participação popular nas tomadas de decisão, ao invés de uma carta branca sendo entregue a cada 4 anos. Acreditamos na autogestão, e não na falácia de um ditador benevolente. O povo merece poder, não um coturno em sua cara. Por isso, é importante que neste 7 de setembro, nós tomemos as ruas para mostrar que o queremos fora do governo, derrotado. Em suas próprias palavras, restarão apenas duas opções para ele: prisão ou uma cova.

Precisamos mostrar que as minorias, quando juntas sob a mesma bandeira, são a maioria. Precisamos de um grito real de independência para fazer esta data entrar mais uma vez para a história. E nós estaremos entre vocês. O que resta ao presidente é a mensagem de que nós não ficaremos parados enquanto você flerta com o golpe.

A guerra está declarada e faremos você pagar por seus crimes. As pessoas que você está matando são as pessoas das quais você depende. Nós fazemos o pão que você come, nós arquivamos os seus documentos, nós entregamos suas encomendas, nós estamos em todo lugar. Nós somos Anonymous.”

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